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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Inflação! Entenda como ela afeta sua vida!


Se você leitor, for um felizardo que nasceu na década de 80 (ou depois), sinta-se privilegiado por não ter 
sofrido
 vivido na prática (apesar de ter visto algumas das consequências) do significado desta palavra, mas com certeza os mais "vividos" tem o significado dela bem forte e escondido em algum lugar assombroso na sua memória.
Economicamente falando, a história do Brasil considera os anos 80 como a "década perdida". Antes disso, no governo militar, tínhamos um período digno de crescimento chinês a 10% ao ano, alta geração de emprego e tudo indo a mil maravilhas, até que essa paroxítona resolve "dar o ar da graça".
Manter a economia estável é como equilibrar pratos rodando em cima da vareta. Tem uma série de fatores que devem ser observados, e qualquer deslize tudo pode desabar. Vou explicar melhor o que aconteceu no passado para entendermos o risco que corremos agora.
A inflação em termos práticos
Na década de 70, houve muito investimento estrangeiro no Brasil que foi revertido em infraestrutura, produção de usinas, estradas, portos etc. Gastos públicos em obras gera muito emprego, aumento de renda e com isso as pessoas começam a consumir mais, reformam suas casas, trocam de carro,
eletrodomésticos, compram mais pão nas padarias, etc. Este é um crescimento econômico saudável! Porém, se ele não for planejado e controlado gera consequências catastróficas como vimos na década de 80 e 90.
Vou explicar como a inflação funciona em uma economia tomando como exemplo a pequena cidade onde vive Manoel dono de uma padaria. O governo está construindo uma estrada nova e contratou várias pessoas da localidade. A padaria que vendia em média 500 pães por dia, observa que mais pessoas estão comprando pão. Para aumentar sua produção foi contratado mais um funcionário e agora seu forno está na sua capacidade máxima, produzindo 700 pães por dia.
O demanda pelo pão não para de crescer. Mais pessoas chegam na cidade do Manoel e ele não dá conta de atender a todos. O dono da padaria tem receio de que essa seja uma demanda passageira, que dure alguns meses, então resiste na compra de mais um forno. Até mesmo porque não teria espaço suficiente para dois fornos, o que demandaria uma expansão de sua padaria. A procura por trigo está alta e a produção agrícola não previu este aumento, o preço da matéria prima começa a subir e Manoel é obrigado a aumentar o preço do seu produto também.
O setor agrícola (leia-se aqui todas as comodities) é lento, não se aumenta a produção de trigo de um mês para o outro. É longo período do plantio até a colheita estar pronta para ser comercializada (isso se não ocorrer nenhuma catástrofe natural ou praga). Mesmo assim, o agricultor tem receio de ser um aumento passageiro, apenas para aquele ano e ele sabe bem, que se houver excesso os preços vão cair e o prejuízo é grande.
Enquanto isso as pessoas precisam do pãozinho diário e estão pagando mais caro por isso. O governo para conter os índices de inflação aumenta as taxas de juros para segurar o consumo. Em teoria, as pessoas teriam mais dificuldade de acesso ao dinheiro, diminuiriam a  compra dos produtos forçando os preços abaixarem.
Manoel acredita que o consumo não vai cair e decide expandir seu negócio, porém precisa recorrer ao banco para um empréstimo. Como o juros subiu, o risco do não pagamento é alto (a inflação gera uma instabilidade e aumenta o risco do país), e com intenção de garantir seus lucros, o banco irá cobrar altas taxas de juros do seu Manoel que precisará que a demanda continue aquecida por muitos anos para ter condições de pagar seu financiamento.
Ficou claro a citação que a economia é como equilibrar pratos? Para o investimento do Manoel dar certo é necessário que a economia continue como está por muito tempo. Se as obras do governo pararem, a população decidir não comprar mais pão, acontecer alguma catástrofe natural e diminuir a oferta de trigo, aumentar o desemprego, qualquer um destes fatores irá diminuir o consumo de pães e o seu Manoel não terá como pagar o empréstimo e irá à falência.
Os empresários, assim como o setor primário (matéria prima) ficam muito cautelosos nesta situação para não ver o seu negócio ir por água a baixo. Neste momento é importante o governo intervir e garantir uma estabilidade econômica para que a sociedade.
Como controlar a inflação
Esta é uma pergunta que não tem resposta pronta. Vai depender muito de comoestão os gastos e investimentos no país. Uma coisa é certa, se o aumento do consumo é maior do que a capacidade das empresas de produzir, isso irá gerar a inflação. O ideal é as empresas trabalharem com 85 a 90% da sua capacidade produtiva para controlar o aumento de demandas sazonais.
O governo pode tomar várias medidas para controlar a inflação, no exemplo acima, vimos uma tentativa de aumento de juros, outra seria controlar os gastos públicos, criar políticas de apoio ao investimento em determinados setores, como por exemplo, o governo garantir aos produtores de trigo a compra dos excessos de produção (como já ocorreu no passado com outros produtos). O governo venderia o excessos comprados no período de entre safra  e evitaria um novo aumento dos preços.
O pior da inflação é que ela é retroalimentável e é necessário um conjunto de medidas para controla-la. Tivemos na história do Brasil situações em que os preços aumentam 80% em apenas um único mês. Imagine você sair para comprar uma geladeira este mês e ela estar custando 1.000 reais e no mês seguinte a mesma geladeira está custando 1.800 reais.
Financiar em período de inflação alta é praticamente impossível. Os juros das parcelas são corrigidos pela inflação e o salário não. Ou seja, sua dívida sempre aumenta, mesmo que pague em dia.
A inflação de Hoje
O Brasil conseguiu controlar a inflação com o plano Real do presidente Fernando Henrique em 94. A partir daí, a vida do brasileiro mudou para os que conhecemos hoje. Financiamentos em longo prazo e preços praticamente congelados. Mas quem já conheceu o dragão da inflação, tem medo que ele volte. E ele está rugindo por aí.
A meta do governo é de inflação de 4,5% ao ano. A previsão atual é que no fimde 2011 esteja a 6,65%. O governo aumentou a taxa SELIC (taxa básica de juros) que é de 12%, e o  IOF. Com isso os financiamentos e empréstimos bancários estão ficando cada vez mais caro.
As taxas de juros real (valor nominal [12,00] menos a inflação[6,65] = juros real [5,35]!) do Brasil é a mais alta do Mundo! Normalmente a taxa de Juros é alta  para compensar o risco do investimento. Porém o Brasil hoje é um país economicamente e politicamente seguro (compare com os países africanos e árabes que você vai entender), o que aos olhos dos grandes investidores internacionais o Brasil é uma mina de ouro! A quantidade enorme de capital que entra no país apenas para investimento financeiro é muito grande e acaba anestesiando o efeito que as políticas fiscais deveriam ter. O governo fica pagando juro absurdos para tirar um pouco a moeda do mercado (para conter os gastos) porém grande parte deste dinheiro vem de fora. Resumindo, aumentamos os gastos do governo brasileiro (pagamento dos juros) e objetivo de reduzir o consumo não é atingido.
A economia funciona como uma manada. Um boi se assusta e começa a correr, os outros vão atrás sem saber porque. Trazendo para nosso dia-a-dia. Seu vizinho comprou uma LCD Full HD de 42" e você, que  até então estava satisfeito com sua 29" já não está mais e também quer trocar. Outro exemplo de “efeito manada” negativo é inventar que o banco "x" está quebrando. Se for bem divulgado, ninguém vai querer arriscar e aguardar para ver se é verdade, os correntistas vão sacar o dinheiro e o banco efetivamente vai quebrar.
Solucionar a inflação não é fácil! Prova disso o governo resolveu arregaçar as mangas e promete não medir esforços para segurar essa mandada desenfreada que é o consumidor, que está comprando mais do que a indústria consegue produzir.
O que Eu tenho com isso?
Ninguém sai ganhando com a inflação. Seu salário desvaloriza, as empresas tem dificuldade ao crédito e governo teme a instabilidade.
A solução mais simples e lógica (porém a mais complexa) é conscientizar você que se subiu o preço, PARE DE COMPRAR! A carne de boi subiu? Ótima oportunidade de fazer uma dieta mais equilibrada, ou opte por frango!
Lembro-me muito bem que na crise de 2008 o dólar disparou chegando a quase 3 reais e com isso o preço do pãozinho subiu ( o trigo é importado da Argentina). A cotação do dólar hoje está baixíssima, cerca de R$1,55 e o preço do pãozinho não abaixou. Fico me perguntando o porque. A resposta vem quando vou a padaria, mesmo com o preço tão alto, as pessoas compram normalmente. Ou seja, abaixar o preço para quê?
Não seja um "early-adpoter"! No mundo tecnológico é muito comum vermos pessoas aficionadas por lançamentos. É um assunto polêmico, mas o fanático-consumidor paga muito caro pela novidade e faz o preço dos produtos subir sem freio. Um exemplo, o IPhone4 custa em média 1.400 a 1.900 reais. Você acha que se estivesse IPhone sobrando no mercado o preço seria esse? O problema é que mesmo com estes preços tem se dificuldade para encontra-los nas lojas.
Pesquise os preços e Evite as promoções "leve mais 1".  Você já foi vítima do "se levar mais um o outro sai de graça!". Uma semana depois, você se pergunta, porque tenho tantos disso? Compre o que é necessário. Seja consciente e não se endivide só porque comprar 5 fica mais barato do que comprar 4  sendo que você só precisa de um. A psicologia explica que temos um grande medo de perder "oportunidades" e o marketing vende isso muito bem. Mesmo você não precisando, tem medo de perder algo que não precisa.
Leitor, se não fizermos nada o governo fará por nós (ainda bem) e ele tem feito, porém suas medidas têm efeitos-colaterais e acabamos sofremos com aumento dos juros e impostos. Tudo isso para conter primitivo efeito “manada”.
Filipe Rodrigues

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