Páginas


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Corrupção. Sua atitude faz sim a diferença! “Políticos não conseguem doutrinar as multidões anônimas, diz especialista.”


Manifestações contra a corrupção no 7 de setembro 2011
Muita gente pensa que não adianta se manifestar contra a corrupção porque as coisas são assim mesmo, mas estão completamente enganados. Adianta sim! O Brasil tem vivido um tempo de renovo onde as pessoas já não aguentam mais falar de mensalão e corrupção. As marchas contra a corrupção por organizadas “anônimos” realizadas em várias cidades do país no último feriado de 7 setembro reuniu só em Brasília mais de 25 mil pessoas. No Rio estõa confirmados via Facebook mais de 30 mil no dia 20 de Setembro. Outras cidades como Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, São Paulo e Recife tem evento agendado no feriado de 12 de Outubro.
O professor especialista em ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano em entrevista ao portal de transparência pública Contas Abertas, afirmou que com a revolução da informática com as mídias sociais, como twitter e facebook a sociedade tem mudado muito e os políticos não conseguem doutrinar ou seduzir multidões anônimas como antigamente. Veja trechos interessantes da entrevista:
Contas Abertas (CA) - Em entrevista ao jornal Zero Hora, o senhor afirmou que falta civilidade ao brasileiro e que a população não sabe respeitar o bem público. Esse fato é um dos geradores da corrupção?
Roberto Romano - Isso não é fato gerador da corrupção, isso é coessencial à corrupção. Na medida em que não temos costumes cívicos ou educação no trânsito, por exemplo, não temos ideia do que é respeito ao direito do outro.

Sentimo-nos impotentes quando nossos direitos são violentados. No Brasil, se opor a quem fura fila, é considerado desagradável, é ser encrenqueiro. O “bom mocismo” que ultrapassa essas atitudes é, na verdade, falta de percepção do direito alheio e do direito próprio.
Como sociedade, estamos desarmados para o procedimento do corrupto que fazemos em escala menor, ou seja, da própria população. Neste sentido, existem dois tipos de corruptos: o que não tem ideia do que significa direito; e, os hipócritas que aceitam determinado tratamento porque agem igual.
CA – Fala-se muito que o congresso é corrupto porque a população é corrupta. Qual a opinião do senhor?
Roberto Romano - A sociedade brasileira não é totalmente corrompida, não é por isso que temos políticos corruptos. Há manchas extremamente fortes em segmentos da sociedade que se acostumaram a corromper e serem corrompidos, que não chegaram à vida pública segundo parâmetros da cidadania. Acabar com a corrupção é uma tarefa árdua, mas que pode ser vencida.
CA - Falam muito também na relação entre a pobreza com a corrupção e a falta de ética e vice-versa. Repetem muito que a pobreza permite que essas pessoas sejam eleitas. O senhor concorda?
Roberto Romano - Esse é um problema institucional. A professora Maria Silvia Carvalho Franco, em um dos seus livros, apresenta uma explicação perfeitamente racional acerca do assunto. O Estado brasileiro mantém até hoje a super concentração de recursos e poderes na esfera federal. Essas verbas só são distribuídas para chefes oligárquicos regionais ou municipais que conseguem barganhar com o Poder Executivo Federal.
A professora mostra que isso vem desde a fundação do nosso Estado. No século XIX, cidades paulistas que pagavam impostos elevados para o poder central, ficavam 100 anos sem escola, cemitério, hospital, estrada e outros equipamentos urbanos. Então os vereadores e os prefeitos, via de regra fazendeiros ricos, emprestavam dinheiro do próprio bolso para obras. Isso parecia um favor imenso para a população. Muito rapidamente essa situação se inverte. Começa-se a pensar que quando o município precisa, ele empresta, então, mete-se a mão no cofre público. Essa situação continua até hoje. O político que consegue levar obras para sua cidade, é eleito e reeleito quantas vezes quiser.
Lavando o país da corrupção
CA – É possível reverter a situação?
Roberto Romano - Se não ocorrer modificação da estrutura institucional do Estado brasileiro, não vamos conseguir diminuir o processo corrupto. Não chegamos ao sistema como todo, lidamos com resultados, com exemplos. A consequência é a impressão de absoluta inevitabilidade do processo corrupto. A concentração de recursos ocasiona a evidente distribuição por muitas mãos ou pela ineficiente burocracia. Alguém que consegue driblar a burocracia, paga pedágio e recebe parte do pedágio também. É necessário ter uma visão sistêmica entre o nexo de estrutura concentracionária de poder que leva a corrupção.
CA – As recentes manifestações contra a corrupção realizadas e as próximas que estão planejadas mostram que o sentimento de inevitabilidade da corrupção está mudando?
Roberto Romano - Com certeza é indicação de mudança. Desde a revolução da informática, há circulação de informações inéditas no Brasil. O que nossos políticos não perceberam até agora é que as mídias sociais, como o twitter e facebook, não servem para fazer cabeça de rebanho eleitoral. Por mais que escrevam e falem, os políticos não conseguem doutrinar multidões anônimas, como o ocorrido nas marchas.
Há multidões cada vez mais ponderáveis que tem acesso a informações. Você não tem mais aquele âmbito do segredo. É fantástico. Quantas ações similares ou piores do que a feita pela Jaqueline Roriz já ocorreram? Hoje, por meio eletrônico, temos uma arma de mobilização social contra isso.
E tem outro fato. Quando existem quadrilhas, mesmo de políticos, há concorrência e há pessoas que foram preteridas. Nunca se tem certeza de que o fato delinquente vai cair no esquecimento e no segredo. Alguém vai filmar, vai gravar e vai denunciar e isso cai no plano público.
Opinião do autor: O Brasil vai mudar para melhor! Mas você tem duas opções, pode esperar e ver as mudanças acontecerem ou pode faz parte delas e acelerar esse processo. Não deixe de participar dos eventos contra a corrupção na sua cidade. Manifeste-se!
Filipe Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário